Esta é a capa do jornal Extra que foi tema da aula de Jornalismo Gráfico 1 de hoje.
Procurei levantar com a turma os prós e contras de se publicar uma primeira página desse tipo. As conclusões foram as seguintes:
Positivos
1) Chamou a atenção (e muito) dos leitores. Houve gente se amontoando na frente das bancas para apreciar melhor o jornal, o que, provavelmente...
2) ...deve ter alavancado as vendas, criando a expectativa de uma matéria interna ampla e diferenciada;
3) É de uma ousadia digna de aplausos ao imprimir o logo e todo o cabeçalho do jornal duas vezes, sendo uma delas de cabeça para baixo. Acho que jamais vi algo parecido;
4) A utilização de uma ilustração simples, mas efetiva e bem realizada, ocupando a capa inteira, em lugar de uma photoshopada qualquer.
Negativos
1) É opiniática, fugindo do caráter neutro do que deveria assumir o bom jornalismo, e desnecessariamente agressiva ao mirar diretamente em Lula (claro que, se não fosse assim, não teria o mesmo impacto visual);
2) É clichê. Funciona, mas é clichê. A imagem é batida e as chamadas, principalmente as das tarjas vermelhas, apelativas;
3) É potencialmente prejudicial por não cumprir internamente o que promete de forma tácita na capa: uma matéria reveladora, única e, principalmente, ampla. O que se vê, pelo contrário, são duas colunas de texto de 12 cms de altura na página 12 repercutindo uma entrevista do presidente cedida ao site Terra. O seja, o leitor pode se sentir enganado pela capa, que chega a dar a impressão de uma edição especial dedicada ao tópico, e declinar a compra do jornal dali em diante.
Na minha opinião, creio que a capa é séria candidata ao prêmio da SND de excelência gráfica, mas fica a dúvida se ela é uma peça de jornalismo gráfico ou apenas uma isca visualmente apelativa para leitores eventuais.
Parafraseando um roteirista norteamericano conhecido meu, “a função do artista é fisgar o público. Cabe ao cara do texto mantê-lo fidelizado”. Nesse caso não tenho certeza se a segunda parte do aforismo funciona a contento.
3 comentários:
Não acredito na compartimentalização da responsabilidade. Se a peça chama para um beco sem saída, o erro é geral, especialmente da editoria.
Ou isso, ou assumimos logo que na redação de um jornal deveria ter uma agência de publicidade...
O impacto (para quem é de outro estado) e uma opinião bem construída ao mesmo tempo.
Gostaria de ter presenciado a reação do público nas bancas de revista.
O que acho "engraçado" também é a pressa para uma publicação que, como observou, não parece trazer um conteúdo que necessitava tal atenção.
Olha, Engano, a reação do público foi ótima. O que o jornal deve ter vendido no dia...
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