O criminoso Nem retratado como a Valéria, de Zorra Total |
Creio que poderíamos, para tentar compreender o impacto dessas imagens, fazer um paralelo entre essa série de portrait charges e aquelas produzidas por Thomas Nast para o Harper’s Weekly, em 1871, nas quais denunciava o prefeito William Magear (Boss) Tweed como corrupto.
Boss Tweed. By T. Nast, Harper's Weekly |
No caso de Nast, havia uma campanha ideológica visando derrubar um político por intermédio do humor e do deboche. O jornal carioca, numa primeira análise, parece desejar o mesmo efeito, divulgando a foto do criminoso e criando uma gag visual, conforme visto aqui. Porém, será que o Meia-Hora não acaba por criar uma “aura de simpatia” em torno do meliante? Enquanto Nast depreciava Tweed – um político, um representante do poder instituído, não um criminoso assumido – usando o riso como arma, as caricaturas do Meia-Hora, pelo contrário, visam o riso pelo riso, talvez banalizando o fato de que aquele ali retratado é um assassino comprovado.
Será que, como efeito colateral, o tablóide não estaria tornando o criminoso numa celebridade, no bom e velho estilo das dime novels que relatavam as aventuras de Jesse James e Billy The Kid, notórios bandoleiros, ou dos cordéis que louvavam Lampião?
Não há dúvidas que, em termos comerciais, é um acerto, já que a edição esgotou em tempo récorde nas bancas, mas creio que ainda há muito a discutir a respeito desse tipo de opção editorial, além do aspecto econômico.
2 comentários:
Depois do termino da série de livros A Mão Que Cria , você pretende se aventurar novamente em ficção alternativa ? Talvez com os amados personagens de Monteiro Lobato ?
Não, Leonardo. Meu próximo romance, depois de A Mão Que Pune – 1890, será Rainha das Estrelas – Poder a Qualquer Preço, cujo sumário já está delineado: http://octavioaragao.blogspot.com.br/2012/12/sumario-de-rainha-das-estrelas-poder.html
Postar um comentário