segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Excalibur e quadrinhos digitais: novidades do mês.

A prolífica Editora Draco anunciou a capa da mais recente antologia temática a sair este mês, Excalibur, Histórias de Reis, Magos e Távolas Redondas, organizada por Ana Lúcia Merege, bibliotecária por profissão e apaixonada por História (com H maiúsculo) e arqueologia.

Iluminura? Vitral? Nah, é uma bela capa.

 Para esse volume, contribui com um conto, As Mãos Vermelhas de Isolda (e quem acompanha meu trabalho deve ficar se perguntando qual seria, afinal de contas, minha tara por mãos), que tem uma história peculiar. Não, não a história em si, cheia de cavaleiros, traições e venenos, mas aquela por trás dos bastidores, a história da história.

Isolda nasceu no início da década de 2000, de minha vontade ancestral de fazer um mix de história alternativa com espada & magia, só que sem a magia. Explico: e se a saga da Távola Redonda tivesse acontecido com diferenças cruciais em relação aos relatos de Geoffrey de Monmouth e Thomas Mallory, sem toda aquela mágica, bruxas e fadas. Sem uma Avalon cheia de elfos, sem feitiços. O desafio era tirar tudo isso e manter a história interessante.

Para começo de conversa, Arthur teria vencido e sobrevivido à guerra civil, matando Mordred – pois é, a história começaria pelo fim, com o reino se reconstruindo depois da catástrofe. Merlin teria sido um tipo de Leonardo da Vinci, um supersábio e leitor voraz dos gregos, criador de diversos gadgets mecânicos, incluindo aí uma espada com ranhuras como uma chave, espetada em uma bigorna e que só seria retirada por alguém que soubesse o “segredo” (algo como “duas voltas para a direita, uma para esquerda, três para a direita e puxe!”). Kay, senescal de Camelot, seria o guardião dos segredos de Merlin depois de sua morte. Lancelot, proibido de entrar no reino por causa de vocês sabem quem, se tornaria um agente especial do rei, enviado para resolver pendengas fora dos muros da cidade estado. Os irmãos Gawain, Gaheris, Gareth e Agravaine, sobrinhos e vassalos de Arthur, gordos e acomodados, viveriam para as justas, brigando e tramando entre si para derrubar o trono e herdar a maior parte... e por aí seguia a carruagem.

Deu trabalho construir todo o cenário. Publiquei As Mãos Vermelhas de Isolda, que conta a última aventura de Lancelot nesse mundo alternativo, no site Hyperfan, depois de ter apresentado o conto numa oficina de escritores online, que contava com a participação luxuosíssima, entre outros talentos, da Giulia Moon. Para o Hyperfan, mais ou menos como fiz com Intempol, mas num ambiente menor, sugeri que outros autores escrevessem contos nesse mundo. Délio Freire, Rafael Luppi e Ana Cristina Rodrigues compuseram histórias interessantes que acompanharam Isolda na série Arturiana Alternativa.

Agora, graças a essa iniciativa da Ana Lúcia Merege e do Erick Sama (que fez aquela que considero uma das melhores capas dos livros da Draco até agora), minha versão radical de Isolda, Lancelot e Tristão está de volta, revisada, corrigida e consideravelmente melhor. Espero que curtam.

Um artigo acadêmico a mais no currículo

Outra novidade foi ter recebido em minhas mãos ávidas a antologia acadêmica Os Quadrinhos na Era Digital, organizada pelo colega hyperfanático e pesquisador Lúcio Luiz, publicada pela Marsupial. Meu artigo O Riso em Rede: a conjunção disjuntiva nas charges impressas e eletrônicas está lá, fazendo bonito (ou não, depende do nível de exigência do leitor) ao lado de nomes de peso como Paulo Ramos, Edgar Franco e Pedro de Luna.

Junto como lançamento do novo romance, no dia 12, este está prometendo ser um setembro do qual recordarei com prazer no futuro.

2 comentários:

Leonardo Peixoto disse...

Li todos os contos de Arturiana Alternativa e gostei bastante de cada um deles :) Seria interessante se mais histórias situadas nesse mundo alternativo fossem criadas !

Octavio Aragão disse...

Obrigado, Leonardo. Ainda tenho um conto na cabeça passado nesse universo: A Cadeira Perigosa. Um dia, quando as musas exigirem (ou pagarem), escreverei.