quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sobre o Budismo (por Constantino de Carvalho)

  • Meu tio-avô, Constantino de Carvalho
    Arrumando a estante, achei o livro O Pensamento Vivo de Buda, de Ananda K. Coomaraswamy, com um prefácio não-oficial – ou seja, escrito apenas para meu pai – de meu tio-avô, Constantino de Carvalho, um erudito auto-didata, jornalista, filósofo e ensaísta. Como existe pouca coisa dele OnLine (creio que nada, na verdade), reproduzo aqui no blog esse pequeno texto repleto de ironia mal contida a respeito não apenas do budismo, mas de algumas das principais religiões:
     Todas as religiões, simples nos seus primórdios, complicam-se com o passar do tempo, devido às interpretações cerebrinas dos seus adeptos e propagadores.
    Assim, expungidos os acréscimos posteriores,o judaísmo fica reduzido às Tábuas da Lei, o cristianismo ao Padre-Nosso e o budismo a muito pouca coisa...
    No entanto milhares de livros foram escritos para explicarem essas religiões. Segundo Schurè, nos Grandes Iniciados, o budismo é uma religião sem Deus e uma Moral sem metafísica.

    Quanto à sua filosofia, esta pode se resumir em poucas palavras: 
    – O homem está preso à roda dos renascimentos pela Ignorância e se libertará pelo Conhecimento das Quatro Nobres verdades, que o conduzirão à Beatitude pelo Caminho Octuplo.
      
     Essas Quatro Verdades dizem respeito (1) ao sofrimento; (2) à origem do sofrimento; (3) à eliminação do sofrimento; (4) à iluminação.
      
    O conhecimento dessas Quatro Nobres Verdades leva à conclusão de que todo o sofrimento é causado pelo desejo; pelo que, suprimidos os desejos, cessam os sofrimentos, e se alcança a Iluminação.

    O Caminho Octuplo consiste em: fé justa; justa resolução; palavra justa; justa ação; vida justa; justa aspiração; pensamento justo; justa meditação.

    Resumindo: a Iluminação e a Beatitude do Nirvana conseguem-se sendo JUSTO EM TUDO, e para isso não é necessária a crença em Deus, e menos ainda o homem se entregar a elocubrações metafísicas.
      
    Essa é a doutrina de Sidarta Gautama, à qual nada é necessário acrescentar, mas os seus adeptos e continuadores não se cansaram de a complicar, com explicações que só servem para tornar confuso o que primitivamente era simples e claro.

    Escrito por Constantino de Carvalho, em 22/12/1974

6 comentários:

Temáticas Jurídicas disse...

Daí se conclui que, para além de doutrinas e dogmas, o que vale é a conduta justa, ou não, de cada um.

Um abraço fraterno!

H.

Octavio Aragão disse...

Oi, Hide.

Pois é, no fundo é tudo muito simples.

Ricardo França disse...

E assim como todos eles nunca escreveram nada fica-se refém dos intermediários/interpretadores.

No caso do siddharta (a confiar nas extrapolações dos textos sobre ele) ele meio que tocava de ouvido, ajustando a mensagem ao longo da vida (que foi bastante longa) para cada grupo ao qual ele se dirigia. Oa princípios podem ser do terreno do mais simples mas a implementação é sempre complexa.

Temáticas Jurídicas disse...

Por em prátia é que são elas.

Um abraço fraterno!

H.

Temáticas Jurídicas disse...

Corrigindo o teclado defeituoso:

Por em prática é que são elas!

Um abraço fraterno!

H.

Leonardo Peixoto disse...

Realmente o comentário do seu tio-avô sobre as religiões foi incrivelmente correto ! Realmente as pessoas complicam as mensagens religiosas , criando desentendimentos e fundamentalismos !