sexta-feira, 27 de setembro de 2013

E o Pós-Doc acabou!

Foi ontem. Foi ótimo.

Cheguei em cima da hora na Faculdade de Letras, no Campus da Ilha do Fundão, quinze minutos antes das 14 horas, quando, a princípio, deveria começar a apresentação de minha pesquisa Visões do Futuro do Pretérito – A ficção científica nos quadrinhos brasileiros, orientada pela professora Heloísa Buarque de Hollanda, no PACC, da UFRJ.

Claro que me perdi. Claro que, ao chegar à sala, tudo que havia preparado para funcionar meticulosamente falhou. Não havia conexão Wi-Fi, nada de cabo para conectar o MacBook à rede ou ao datashow. Tudo parecia fadado ao caos.

Mas nada como um backup para salvar o dia. Descobri uma versão anterior de um arquivo em PDF com algumas das imagens mais antigas e lá fui eu, na base do conhecimento do material e da presença de palco, discursar para um público seleto de quase 30 pesquisadores acadêmicos de todo o Brasil.

Falei por mais de uma hora, das 14:20h às 15:45h, sobre a proto FC nas páginas ilustradas de O Tico Tico, em 1905, o mítico Kaximbown, de Max Yantok, e seu diálogo com a obra de Júlio Verne, os infográficos humorísticos de Juó Bananére, os cinco ícones da FC (alienígenas, robôs, a nave espacial, a cidade e a terra devastada) aplicados à iconografia das HQ nos lisérgicos anos 60, as HQs de Laerte e Luiz Gê, usando elementos de FC para delinear a sociedade brasileira, seus modos e medos, culminando com os trabalhos recentes de Edgar Franco, Gian Danton & Jean Okada, Danilo Beyruth, Osmarco Valladão & Manoel Magalhães e Fábio Cobiaco.

 
Muita discussão posterior com uma plateia envolvida e interessada nos aspectos pouco usuais da classificação de (sub)gêneros, na nomenclatura (space opera, cyberpunk, história alternativa etc), e – principalmente – na definição de ciência (seria História uma ciência, afinal? E as “ciências sociais”?). Muito Fredric Jameson, Robert Scholes e, claro, Mary Elisabeth Ginway, cujos livros sobre a ficção científica literária brasileira guiaram o corpus teórico de minha pesquisa.

Aliás, quando me perguntaram se havia alguma publicação minha sobre esse tema, com muito orgulho respondi “sim, uma pequena parte foi publicada nessa antologia norte americana chamada Latin American Science Fiction: Theory and Practice” e mostrava o livro de capa dura organizado pela Libby e pelo acadêmico J. Andrew Brown, publicado pela editora Palgrave MacMillan no final do ano passado.

O diploma da pós em Estudos Culturais e a antologia acadêmica


E assim consegui juntar duas de minhas paixões, HQs e FC, num mesmo trabalho de pesquisa. Agora só falta mesmo acrescentar o rock’n roll à mistura.

Quem sabe num futuro possível?

2 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro amigo,

apesar de ter ligado em mais de uma ocasião para os parabéns pelo último livro, conquista dos pós-doc e - recentemente - aniversário, venho aqui deixar registrada minha alegria pelo seu título acadêmico.

Um forte abraço do amigo,

Gustavo

Octavio Aragão disse...

Muito obrigado, Gustavo. Você é a prova que, ao contrário do que apregoam alguns apocalípticos, é possível conhecer amigos de verdade no mundo virtual.