domingo, 21 de agosto de 2011

Dias de amor e cobras: As Cidades Indizíveis e Dieselpunk

A partir deste mês estarei presente em duas antologias de contos lançadas simultaneamente. A primeira é As Cidades Indizíveis, lançada pela Llyr, daqui do Rio de Janeiro, que reúne histórias de fantasia urbana, um estilo não muito difundido no Brasil, mas que teve um expoente em Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino, influência assumida dos editores Nelson de Oliveira e Fábio Fernandes. Compareci com O dia em que Vesúvia descobriu o amor, uma das histórias mais diferentes que já escrevi. A resenha do livro vai a seguir...

Capa de Marcelo Amado
Da última vez que você olhou para cima, conseguiu ver o céu? Ou nuvens, sol e estrelas foram substituídos por torres de concreto, janelas reluzentes e antenas de celular? Quando foi que a Cidade roubou o céu? Quando foi que ela tomou conta de você, roubou sua alma e fez com que se tornasse mais um dos seus súditos (in)felizes?

A Humanidade passou por grandes mudanças, que convencionou chamar de Revoluções. Nenhuma foi tão grande quanto aquela que nos fez construir cidades, ainda no Neolítico. Contra as bestas que nos caçavam em lugares abertos, contra os perigos de cavernas estreitas, nós erguemos cidades e estabelecemos nosso próprio lugar no mundo. Uma realização sem paralelo. Sim, você pode comparar uma cidade a uma colmeia ou um formigueiro. Mas somos mais caóticos, mais desorganizados. Mais únicos.

As Cidades Indizíveis é uma celebração disso tudo. Pedaços de ficções urbanas, fantásticas ou surreais. Lugares que você nunca viu, desconhecia completamente, porém sempre estiveram lá, no fundo da sua alma, esperando para serem visitados.

Cidades que se amam, cidades que queimam, cidades que se alimentam de dores, desejos e segredos. Cidades que parecem familiares, mas estão distorcidas. Os caminhos não são mais os mesmos. As trilhas mudaram e ainda mudam, cada vez mais. Até chegar o momento em que você irá tentar voltar, para o lugar de onde veio.

Mas será tarde demais para você, perdido no meio das Cidades Indizíveis.

Com organização de Nelson de Oliveira e Fábio Fernandes.

Contos:
Galimatar, de Fábio Fernandes;
Céu do Nunca, de Guilherme Kujawski;
O Longo Caminho de Volta, de Ana Cristina Rodrigues;
O Dia Em Que Vesúvia Descobriu O Amor, de Octavio Aragão;
Harmonia, de Roberto de Sousa Causo;
Primeiro de Abril: Corpus Christi, de Luiz Bras;
O Coletivo, Luís Henrique Pellanda;
Mnemomáquina, de Ronaldo Bressane;
Cidade Vampira (Entidade Urbana), de Fausto Fawcett.


Título: As Cidades Indizíveis
ISBN: 9788564298378
Ano: 2011
Páginas: 180

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Capa de Erick Sama
A segunda antologia é Dieselpunk, uma continuação de Vaporpunk, lançada no ano passado, e parte de uma trilogia que se fechará com Solarpunk, em 2012, todas editadas por Gérson Lodi-Ribeiro e publicadas pela Draco, de São Paulo. Meu conto é O dia em que Virgulino cortou o rabo da cobra sem fim com o chuço excomungado, que narra o estrepitoso e escalafobético encontro do bando de Lampião com a Coluna Prestes no sertão baiano e como o mundo (sim, o mundo) nunca mais foi o mesmo depois disso. 

Os companheiros de jornada são:
Ao perdedor, as baratas, de Antonio Luiz Costa;
Auto do extermínio, de Cirilo Lemos,
Cobra de fogo, de Sidemar Castro;
O dia em que Virgulino cortou o rabo da cobra sem fim com o chuço excomungado, de Octavio Aragão;
A fúria do escorpião azul, de Carlos Orsi Martinho;
Grande G, de Tibor Moricz;
Impávido colosso, de Hugo Vera;
Pais da aviação, de Gerson Lodi-Ribeiro;
Só a morte te resgata, de Jorge Candeias


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Prometo que, depois disso, jamais escreverei nada que comece com “O dia em que...”, mas acho legal que essas duas histórias “diurnas” tenham vindo à luz no mesmo mês.

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